quarta-feira, 15 de julho de 2015

Castelo Interior




Boa tarde queridos amigos e co-bloguistas. Espero que estejam todos bem. Esse vídeo do padre Paulo tem uns minutinhos. Postei porque trata com mais profundidade do assunto que escolhi para expor hoje.
Sou uma pessoa profundamente curiosa. E peço a Deus a capacidade de nunca deixar de maravilhar-me com a vida. No mundo espiritual, por mais que estudemos, sempre aparecem fatos surpreendentes.
Um desses fatos eu trouxe hoje para partilhar no blog. Não sei se já ouviram falar no livro que Santa Teresa escreveu em dois meses chamado: " O Castelo Interior".
Visita ao Castelo
 
         O castelo interior é de diamante e ali existem, os aposentos, como no céu, muitas moradas. Esse Castelo é nossa alma. É a própria Santa Teresa quem vai nos guiando por essas moradas.
 
 
 
Blog de exortacaoeavisos : EXORTAÇÕES, Castelo Interior
 
Ela mostrou que nosso Castelo tem sete moradas. Cada progresso no amor, alçamos a morada seguinte. As moradas vão se fazendo a partir do amor, viram a ser os diversos graus de amor da alma, já que “o aproveitamento da alma não está em pensar muito, senão em amar muito” , e também para “subir às moradas que desejamos, não está a coisa em pensar muito, senão em amar muito” . Esse amor não exclui de outras atividades, outros exercícios, e assim teremos que a alma estabelecida em amor, se empregará, no próprio conhecimento e no exercício da humildade, da oração e de uma amor a Deus verdadeiro. Não amar por medos. Conhecê-lo e amar não esperando nada em troca.
 
 
         As primeiras moradas(02 capítulos) são as almas que tem desejos de perfeição, mas estão ainda dentro das preocupações do mundo, das quais devem fugir e buscar a solidão.
         As segundas moradas (01 capítulo) são para as almas com grande determinação de viver em graça e que se dedicam à oração e alguma mortificação, ainda com muitas tentações por não deixar totalmente o mundo.
         As terceiras moradas (02 capítulos) são para as almas que exercitam a virtude e a oração, mas colocando um disfarçado amor de si mesmos. Precisam de humildade e obediência.
         As quartas moradas (03 capítulos) são já o começo das coisas “sobrenaturais”: a oração de quietude e um inicio da união. Os frutos não são ainda estáveis; as almas devem por isso tem que fugir do mundo e das ocasiões.
         As quintas moradas (04 capítulos) são já de plena vida mística, com a oração de união que é sobrenatural e a de Deus quando quer e como quer, apesar de que a alma pode se preparar. Os sinais verdadeiros de esta união é que seja total, que não falte a certeza da presença de Deus e que sucedam tribulações e dores em que provar o amor a Deus. Necessita se de muita fidelidade.
         As sextas moradas (11 capítulos). Logra se uma grande purificação interior da alma, e entre as graças que nela se dão, totalmente sobrenaturais, estão as alocuções, êxtases, etc., Grande zelo pela salvação das almas, que leva a desejar sua solidão. É necessária a contemplação da Humanidade de Cristo para chegar aos últimos graus da vida mística.
         As sétimas moradas (04 capítulos) são o cume da vida espiritual, na que se recebe a graça do matrimonio espiritual e uma intima comunicação com a Trindade, da qual brota espontaneamente uma grande paz na que vive a alma, sendo ativa e contemplativa ao mesmo tempo. “Uma contemplação que não é subjetiva, senão que transcende ao homem fazendo que se esqueça de si mesmo e assim entregar-se a Cristo e à Igreja”.
        Indiscutivelmente conhecemos pessoas que atingiram ainda nessa vida todas as moradas, como Santa Teresinha do Menino Jesus, São Francisco de Assis e São Padre Pio de Pietrelcina.
       
       Todos caminharemos morada após morada, seja nessa vida, seja após a morte para chegarmos a Deus, porque elas nada mais são do que níveis de amor.
 
É preciso, em primeiro lugar, entrar no castelo, porque as pessoas, em sua maioria, ficam de fora, fascinadas com as coisas do mundo exterior. Com o objetivo de não confundir o leitor, Teresa adverte em tom pedagógico: “Parece que digo algum disparate: porque se este castelo é a alma, claro que não se trata de entrar, pois se é ele mesmo, pareceria desatino dizer a alguém que entrasse num aposento já estando dentro”. O paradoxo, no entanto, é só aparente, porque mesmo no espaço físico há modos de estar. Há quem está mas não percebe e não tira nenhum proveito da estada – vê, mas não enxerga, ouve, mas não escuta, porque o pensamento está muito longe, e é como se não estivesse no local. Sabe-se de longa data que a alma tem em si algo de terreno (inferior) e de divino (superior): em geral, as pessoas comuns ficam com o terreno, não tomando posse nunca do nível superior, íntimo. É, pois, preciso entrar no castelo (voltar-se para o íntimo) e percorrer seus aposentos, num movimento ascensional, até descobrir a própria identidade iluminada. E não somente entrar, mas entrar pela porta estreita, que exige sacrifícios e muita fé em Deus. A chave da posta está à disposição de quem quer entrar e é, segundo Teresa, dúplice: a oração e a reflexão. Não a oração decorada, mera repetição de palavras, mas a oração reflexiva, com concentração do pensamento. Na oração, ensina S. Teresa, não é importante o muito falar, mas o muito amar. 
Nas três primeiras moradas, há muita impureza, porque, estando mais próximas do solo, são mais vulneráveis às paixões, ao orgulho pessoal, ao amor narcísico, à avidez e às vaidades. Ao tomar ciência dessa poluição, quem entra nessas moradas, deve em primeiro lugar proceder à faxina, penitenciando-se de suas falhas. Cuida-se de extirpar o apego ao mundo, combater os maus pensamentos e sentimentos e de mudar o modo de falar e de vestir. As quartas moradas oferecem um colírio para os olhos da alma. Por estarem mais próximas da câmara real, são belas e iluminadas. Nelas não entram animais repelentes e, mesmo que entrem, não lhes fazem dano, porque a alma está purificada e fortalecida – já não tem apegos e sente prazer no recolhimento interior – deixa de pensar e passa a amar. É o início da vida iluminada, e uma força que parte do centro e do alto do castelo, puxa a alma para mais perto da morada central. Nas quintas moradas, a  oração começa a produzir o fruto da união. A alma torna-se compassiva, recebendo a marca do amor incondicional, que é a característica divina do homem. Livre da egoicidade, o homem se transforma (a lagarta se faz borboleta) e quer a todo preço chegar ao centro. Foi neste estágio de sua ascensão que Santa Teresa recebeu as visões e os êxtases, pelos quais ficou conhecida – ela é chamada de a “Santa dos Êxtases”. Na definição que a própria autora nos oferece, esses êxtases são “vôos do espírito”, ou saídas de si, pelas quais a alma experimenta uma união fugaz com o divino e se sente estimulada a prosseguir em sua subida espiritual e abandonar de vez as conversações e confortos terrenos. Enquanto os êxtases são arroubos da alma, as visões de Deus e de multidão de anjos, são intuições da presença divina na alma, intuições que ela chama de visões intelectuais, porque os olhos carnais, em verdade, nada vêem. A consciência capta essa presença sem a intermediação dos órgãos dos sentidos. Com tais experiências, Santa Teresa tomou conhecimento mais perfeito da grandeza do ser que habita o castelo, aumentou o autoconhecimento e a humildade, e confirmou uma vez mais a pequenez das coisas terrenas. Vê-se assim que tanto os êxtases como as visões têm por fim aumentar a capacidade de compreensão, que, ao lado da compaixão, é a característica básica da consciência cósmica. “Em Deus – diz – vêem-se todas as coisas, e Ele as tem todas em si mesmo”. Mas, por causa desses êxtases e dessas visões, teve a santa de enfrentar a incompreensão alheia, sendo vítima de acusações e reprovações até de seus superiores hierárquicos. As sextas moradas são ainda mais belas, porque freqüentadas pelo senhor do castelo. Nelas a alma realiza os esponsais com a divindade. As tribulações, todavia, continuam, porque as outras pessoas com quem necessariamente ela convive, não a entendem (Santa Teresa, como todo místico, destoa do grupo social) e a criticam e desprezam. É a noite escura da alma que precede a plena e definitiva transformação. Por fim, nas sétimas moradas, que são as mais ricas e bonitas, a alma une-se, em casamento, com a divindade. Neste estágio, a pessoa percebe a sutil divisão entre alma e espírito, o centrum securitatis. O matrimônio espiritual nada mais é do que a divinização da alma que, purificada, fortalecida e iluminada, passa a desfrutar da paz que excede todo o entendimento. Neste mais alto patamar, a vontade de servir ao próximo toma vulto, porque a alma se reconhece como instrumento cósmico para servir às criaturas. Então, quem se havia afastado do mundo para melhor compreender sua real identidade, estando já definitivamente livre dos apegos  e das ilusões,  volta ao convívio social para trabalhar com redobrado vigor em prol de todos os seres. A experiência mística só se completa e se confirma pelo serviço desinteressado.
 O verdadeiro místico não se limita a contemplar, mas age e age sempre para o melhoramento do mundo. Contemplação e trabalho se unem na personalidade mística. Da mesma forma como a fé sem obras é morta, a contemplação sem a ação perde muito de seu valor. Diz-se mesmo que a missão do místico é trazer os céus à Terra para que esta se transforme em paraíso.  
 

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