quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Visão do Papa Leão XIII - relatado pelo padre Domingo Pechenino


No dia 13 de outubro - conta ele - o Santo Padre, terminada a Missa, estava assistindo a outra, em ação de graças, como era seu costume. De súbito foi visto erguer energicamente a cabeça, fixando­se num ponto acima do celebrante. Olhava sem pestanejar, com uma expressão de terror e assombro que chegou a fazê-lo mudar de cor. Algo de estranho se desenhava ante seus olhos.
Por fim, como voltando a si, ele se levanta e encaminha-se para o gabinete. Os presentes o acompanham ansiosos.
- Santo Padre, não está se sentindo bem? Precisa de alguma coisa? -lhe indagam.
- Não, nada!
Fecha a porta por dentro. Meia hora depois, manda vir o secretário da Congregação dos Ritos e lhe entrega uma folha, pedindo-lhe que a mande imprimir e faça chegar aos bispos do mundo inteiro.
O que conteria aquela folha? Uma oração para ser recitada no fim da Missa. Dizia:
"São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, insistentemente pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo, para perder as almas. Amém".
Mais tarde, o próprio Papa contaria como tudo aconteceu: durante a Missa tivera uma visão, na qual ouvira a voz profunda e gutural de Satanás, jactando-se diante de Deus:
- Eu posso destruir a Igreja e arrastar a humanidade toda para o inferno. Mas para isto preciso de mais tempo e mais poder.
- Quanto tempo e quanto poder? - perguntou-lhe uma voz doce.
A voz gutural redargüiu:
- De 75 a 100 anos, e mais poder sobre os que se põem ao meu serviço.
- Pois tens esse tempo! - replicou a voz suave*
*Quatro anos depois, Leão XIII parecia ter ainda viva diante dos olhos esta cena, quando escrevia, em seu motu proprio de 23 de setembro de 1888: "Satanás vagueia pela terra... e com o sopro pestilento da impureza e dos vícios mais infames, lança o veneno da sua perfídia, como um rio de lama sobre a humanidade". Sua preocupação com o espírito do mal volta a manifestar-se de tanto em tanto: "Uma das maiores necessidades da Igreja é a defesa contra o demônio ­ realidade terrível, misteriosa, assombrosa, o tentador por excelência, o inimigo oculto que semeia erros e desgraças na história humana.,. Com o demônio, o mal deixa de ser mera deficiência, para se transformar em eficiência, num ser vivo, espiritual, pervertido e pervertedor".
A oração a São Miguel Arcanjo, prescrita pelo Papa, continuou sendo rezada durante o resto do século XIX, até 26 de setembro de 1964, quando a constituição conciliar sobre a liturgia decretou: "Não se dirão mais as orações leoninas depois da Missa".
E foi justamente depois de suprimirem essas orações - comenta Cámpora - que "a fumaça de Satanás entrou na Igreja por todas as frestas" (Palavras do papa Paulo VI em 1972, demonstrando sua preocupação com a "onda de profanidade, dessacralização e secularização" que invadiu a Igreja logo depois do Concílio Vaticano II, ameaçando "confundir e afogar o sentido religioso e mesmo fazê-lo desaparecer", Tudo isto o Papa atribuía à "fumaça de Satanás que penetrou no templo de Deus".), desencadeando a vertigem, o aturdimento e a aberração.
"Ephemerides Liturgicae", n° 69 (1955), pp. 58-59.

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