sábado, 7 de janeiro de 2012

ANJOS CAÍDOS - Início do estudo



" Como se pôde chegar a essa situação?"

   É a pergunta que fazia o Papa Paulo VI, alguns anos depois de ter encerrado o Concílio Vaticano II, à vista dos acontecimentos que sacudiam a Igreja. "Pensava-se que, depois do Concílio, o sol brilharia sobre a história da Igreja. Mas em vez do sol, apareceram muitas nuvens, tempestades, trevas... a incerteza."
   Como pôde chegar a essa situação?
   A resposta de Paulo VI é clara e nítida: " Interveio Uma potência hostil. Seu nome é o demônio, esse ser misterioso de quem nos fala Sâo Pedro na sua primeira Epístola. Quantas vezes não se refere Cristo no Evangelho, a este inimigo dos homens?" E o Papa precisa: " Nós cremos que um ser preternatural veio ao mundo precisamente para perturbar a paz, para afogar os frutos do Concílio Ecumênico e para impedir a Igreja de cantar a sua alegria por ter retomado plena consciência de si própria". 
   O Papa tinha claramente a sensação de que " o fumo de Satanás entrou por alguma fenda no templo de Deus".
   Assim, em 29 de junho de 1972, o Papa Paulo VI demonstrava seu sofrimento com a crise na Igreja por ocasião de seu nono aniversário de Pontificado.
   Alguns jornais mostraram-se escandalizados com as declarações do Papa.
   Sem recuar diante de todas as críticas, o Papa voltou a tratar do tema cinco meses depois. E ainda foi mais longe, consagrando uma alocução inteira sobre a presença ativa de Satanás na Igreja.
   A catequese de Paulo VI sobre a influência do demônio originou um grande e inesperado sentimento de revolta na imprensa. Raramente os jornais se haviam levantado com tanta raiva e com uma veemência tão ácida contra o Soberano Pontífice. Como explicar a violência dessas reações?
   Que jornais hostis a fé cristã ironizassem sobre o ensinamento do Papa, não era motivo para suscitar estranheza: tratava-se de algo muito coerente com suas posições...
   Mas que ao mesmo tempo se deixassem levar pela cólera, uma raiva indescritível, isso é que surpreendeu... Não há como não pressentir por debaixo dessas reações a própria cólera de um ser sobrenatural e maligno.
   Com efeito, Satanás adora agir na surdina. Precisa do anonimato para poder agir de maneira mais eficaz. Qual não teria sido, pois, a sua irritação quando viu o Papa denunciar Urbi et orbe as suas artimanhas na Igreja?
   Satanás tem vítimas prediletas para os seus ataques. Não ataca todos os homens com o mesmo furor. Aliás, nem precisa: os cristãos medíocres e os pecadores inveterados já o pertencem.
   A sua raiva está direcionada especialmente para os convertidos, que, com a graça de Deus, e talvez, depois de inúmeras vacilações e retrocessos, de dolorosos recomeços, se subtraíram por fim ao seu império.
   Ataca também cristãos fervorosos. Como o alegra uma deserção nessas fileiras!
   Desencadeia sobretudo sua ação contra os santos. " O demônio tenta sobretudo as almas belas" observa o Cura D"Ars - Sempre que prevê que alguém fará o bem redobra seus esforços. Os maiores santos foram os mais tentados.
   Finalmente, Satanás não suporta os que cultivam uma devoção sólida, filial e nada piegas pela Virgem Maria.

A Tática

   Para atacar as almas com eficiência, Satanás tem necessidade de passar despercebido. " O estratagema mais bem conseguido do demônio é persuadir-nos de que não existe", escrevia no século passado Charles Baudelaire, enquanto um escritor alemão afirmava com um humor macabro que "nada alegra tanto o demônio como ler o anúncio da sua morte nos jornais".
   O cardeal Journet comenta: " Qualquer cristão sabe que o príncipe deste mundo, que veio tentar Jesus no deserto, não dará descanso aos seus discípulos, sobretudo aos melhores".
   As ciladas, (das quais trataremos num próximo artigo), preparadas pelos anjos das trevas são numerosas, mas a ajuda que os anjos da luz nos oferecem é mais poderosa. Pois a luta seria desigual.
   Presunção e desespero não podem fazer parte do Dicionário de um cristão.
   É a humildade que nos previne, sobretudo, contra a presunção e o desespero.
   Ajuda a formar uma ideia clara e simples de quem realmente somos e de quem Deus é: nosso Criador, infinitamente sábio e poderoso, que nos ama com amor infinito, e disposto a ir até as últimas consequências por nós.


Fonte: Georges Huber - O Diabo Hoje


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